O tabaco e o coronavírus

Senhor(a)  fumador(a),

aproveite esta oportunidade única para deixar de fumar!Geralmente as pessoas deixam de fumar depois de um enfarte, de um acidente ou de qualquer evento grave nas suas vidas. Acho que precisam de um abanão para reflectir.

Pois agora temos o coronavírus. Está a ser um abanão para si e para todos os seus. Um aviso sério para todos, um cartão amarelo para muitos, e infelizmente um vermelho directo para outros.

Que o tabaco faz mal à saúde, toda a gente o sabe. Se fumar, agora que está fechado(a) em casa, os seus filhos fumam à sua conta 1 a 2 cigarros por dia. Se houver outro fumador lá em casa as crianças passam a fumar 4 cigarros por dia! Acha que lhes faz bem? A desculpa de fumar à janela é uma treta para disfarçar. Num congresso nos EUA, já há alguns anos, só se podia fumar a dez metros da porta de entrada.                                                    

Os pulmões têm defesas naturais. As paredes dos brônquios têm um revestimento, semelhante aos pelos de uma carpete, que remove as impurezas trazidas pelo ar que respiramos como se fosse um tapete rolante. O tabaco reduz estas defesas e por isso o fumador tem um catarro crónico, sobretudo ao levantar. As outras defesas, as da imunidade também estão diminuídas. O fumador cansa-se mais, cicatriza pior, tem mais infecções. Os implantes dentários não consolidam porque a formação do osso está parada pelo tabaco. E o fumador crónico acaba por ter DPCO, isto é doença obstrutiva crónica, que só com um ventilador consegue resistir ao Covid 19.

Em 2018 dois milhões de portugueses eram fumadores. Em 2010, 36,7 % das crianças e adolescentes eram fumadores passivos. Na China, em Itália e em Espanha a mortalidade pelo coronavírus entre os fumadores foi nitidamente superior à dos não fumadores, do mesmo grupo etário. Porque o tabaco é  um factor de risco acrescido.

Se tem que ficar em casa, deixe de fumar pela sua saúde. E faça-o também pela saúde dos seus filhos e outros familiares   

Prof. Doutor Jacinto Gonçalves

 Vice-Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia  

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